02 de Novembro 08h58 - 1 Visita
A decisão do Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) foi tomada no dia 22 de Setembro passado, ou seja, 20 dias depois do acidente que matou 12 pessoas em Quissico, província de Inhambane, quando um autocarro da Empresa de Transportes Nhacale despistou-se, capotou e ardeu.
Na nota direccionada à companhia visada, o Instituto Nacional dos Transportes Terrestres fundamenta a decisão, trazendo o histórico dos acidentes envolvendo autocarros daquela companhia, começando pelo último de 2 de Setembro, que provocou “avultados danos humanos” e outro ocorrido em finais de 2016, também com “danos humanos”.
O documento não determina o que a companhia deverá fazer durante a suspensão, verdade é que os 32 autocarros que fazem parte da frota estão parados e mais de 40 funcionários recebem sem trabalhar.
Da parte da companhia, nem uma palavra para o nosso meio de comunicação. Entretanto, a Federação dos Transportadores Rodoviários, através do seu presidente Castigo Nhamane, reagiu, questionando a eficácia dessa decisão, atendendo que “não sabemos se essa é a medida certa. Primeiro, porque estão paralisados os meios que garantem a produção de renda através da qual a empresa custeia os seus compromissos com a banca, com os trabalhadores, etc”.
Lembrar que no relatório da inspecção realizada no dia 12 de Julho de 2017, no Centro de Inspecção da Controlgold, na Cidade de Maputo, ao veículo da marca Zhongtong, matrícula ADD 763 MC – o mesmo do acidente que matou 12 pessoas em Quissico, a que tivemos acesso, foi reportada uma diferença no desempenho do sistema de travões. De acordo com os dados, a roda frontal esquerda tinha um desempenho de 19.85 kilonewton e a direita, 11.02 kilonewton. Ou seja, a diferença era de 44%, o que na mecânica é considerado grave. Mesmo com essas anomalias, o veículo foi aprovado na inspecção. A razão para isso está no seguinte detalhe: a margem de diferença de desempenho no sistema de travões do mesmo eixo está abaixo de 70% do esforço exercido na roda menos travada. Assim sendo, é classificado como sendo Deficiência do Tipo I, à luz do Diploma Ministerial nº 81/2011, de 3 de Março, aprovado pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, relativo às Inspecções Periódicas Obrigatórias aos Veículos Automóveis e Reboques.
Os transportadores dizem-se preocupados com os acidentes de viação, mas denunciam actuação diferenciada do Ministério dos Transportes. Recorrem ao caso da transportadora Nagi Investimento que se tem envolvido em muitos acidentes mortais, mas continua a operar.
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